domingo, 20 de fevereiro de 2011

CANÇÃO DO EXÍLIO DA ESCOLA DE ARTES VIOLETA ARRAES - POR HILDEGARDIS FERREIRA(*)

“NÃO PERMITA DEUS QUE EU MORRA
SEM QUE EU VOLTE PRA LÁ”
QUEM ME TROUXE PARA CÁ
PREGOU PEÇA EM MEU DESTINO
FEITO SONHO DE MENINO,
FEITO BARCO DE PAPEL.
REZADEIRA SEM O VÉU???
ANTES DE TUDO É PECADO!!!
ME TIRAR DA MINHA TERRA
É AÇOITE, UM MALTRATADO
O que fizeram com esse nome de glórias e de história, que engrandece o nosso povo, a nossa gente verdadeira e de sangue Kariri.

A Magnífica Reitora Violeta Arraes Gervaiseau recebeu a homenagem de ter o nome eternizado na Escola de Artes da URCA na cidade de Barbalha, tendo como vizinhança a Igreja Matriz de Santo Antônio e o Caminho do Pau-da-Bandeira.

Ora, como o destino pode ser tão cruel com a Dra. Violeta Arraes, que em vida foi arrebatada de sua terra, de sua gente e teve que viver além mar, um exílio político na França em 1968 por força da arrogância e prepotência dos ditadores militares. Agora 40 anos depois tem o seu nome novamente arrebatado juntamente com a Escola de Artes, de forma truculenta e sem o mínimo de respeito com a sociedade barbalhense que a acolheu, é levada para viver, forçosamente em outras terras.

Violeta Arraes conhecida, também, como "A Rosa de Paris" pela generosidade de acolher os brasileiros exilados e ajudar no tratamento psicoterapeuta dos torturados, foi uma representação brasileira importantíssima na defesa dos Direitos Humanos no campo internacional, denunciando os crimes da ditadura brasileira e amparando também os perseguidos por Pinochet no Chile.

Esse é um nome que tem que ser preservado de qualquer mazela, mas os políticos do ceará não primam por essa necessidade, assim como fez o Ex-gov. Lúcio Alcântara que usou o nome do Poeta Maior Patativa do Assaré para dar nome a um Presídio, mas o nome de Violeta Arraes estava estampado em um bom lugar, digno de uma eterna preservação, o problema é que mãos sem histórias e sem zelo, resolveram conduzi-la de forma imprópria ao invés de apenas cumprir a obrigação dos cuidados e afagos.

E assim fez Caetano Veloso quando cantou "Cajuína" e pela "lágrima nordestina" chamou o povo brasileiro para homenagear e reverenciar a memória de Violeta Arraes, enquanto um caminhão da Cajuína, feito "pau-de-arara", carregava os bens, os sonhos e o futuro de um povo em sua carroceria. Como se tudo em nós fosse deserto, pois nós barbalhenses somos como as primeiras chuvas de janeiro, carregamos nos olhos e no coração, promessas de boas colheitas.

Acreditar que a Escola de Artes retornará à Barbalha, fica difícil, pois enquanto o Prefeito diz que está de "portas abertas" para acolher a Escola, o Secretário de Cultura ocupa o prédio do Casarão no mesmo momento, e como se tudo fosse orquestrado, cala a Reitoria e o Governo do Estado, sem dar nenhuma satisfação ao nosso povo.

Esse será simplesmente motivo de falácias de futuros palanques dos políticos dominantes, assim como será, também, a enchente do rio grangeiro e a cassação do prefeito que não foi cassado.

SOLDADINHO DO ARARIPE
EU TE PEÇO POR FAVOR
ME LIVRAI DA GRANDE DOR
DO EXÍLIO AMARGURANTE
NÃO QUERO SER RETIRANTE
DE UM SERTÃO QUE É SEMPRE INVERNO
“AUTO DA BARCA DO INFERNO”
A GIL QUEREM SE IGUALAR
“NÃO PERMITA DEUS QUE EU MORRA
SEM QUE EU VOLTE PRA LÁ”

(*) Barbalhense, Poeta, Compositor, Ativista Político, Ambientalista e Aluno de Economia URCA.

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